Quando nos deparamos com um familiar que perde o contato com a realidade é assustador, em um momento a pessoa está bem, no seguinte suas ações e palavras perdem o sentido.
Às vezes esses episódios vêm acompanhados de agressividade, entender o que está acontecendo é essencial para saber como agir, entenda a seguir “por que idosos deliram?”
O que é delírio?
O delírio, ou delirium, é um distúrbio agudo, ou seja, de curta duração, geralmente transitório e reversível, no qual a atenção, cognição e nível de consciencial flutuam, variando.
As causas são variadas, incluem condições estressantes, como ambientes hospitalares e exposição a medicamentos.
Por que idosos deliram?
O delírio em idosos (também chamado de estado confusional agudo) é uma emergência médica frequente e multifatorial, resultando de uma vulnerabilidade cerebral somada a gatilhos específicos. As principais causas incluem:
- Idade avançada (> 65 anos): redução da reserva cognitiva e plasticidade cerebral;
- Demência prévia (Alzheimer, vascular, etc.): presente em 50 a 80% dos casos de delírio;
- Comorbidades: doenças cardiovasculares, diabete, insuficiência renal/hepática;
- Comprometimento sensorial: deficiência visual/auditiva não corrigida;
- Desidratação ou desnutrição.
O delírio pode acontecer em todas as idades, mas é mais comum entre idosos, sendo uma das complicações mais comuns entre os hospitalizados, cerca de 20% a 60% dos idosos admitidos em serviços de emergência clínica ou cirúrgica deliram.
Estima-se que pelo menos 10% dos pacientes idosos, os maiores de 65 anos, internados em hospital têm delirium, sendo também comum entre os residentes em casas de repouso.
Além disso, de 15 a 50% apresentam delírio em algum período durante a hospitalização, principalmente após cirurgia e em pacientes internados em unidade de terapia intensiva (UTI).
Diferença de delírio e demência
O delírio e a demência são condições distintas com implicações clínicas críticas, especialmente em idosos. Embora ambos comprometam a cognição, diferem em origem, evolução e manejo:
- Natureza e início:
- Delírio: surge subitamente (horas a dias), geralmente desencadeado por uma causa orgânica aguda (infecção, desidratação, medicamentos, cirurgia);
- Demência: desenvolve-se lentamente (meses a anos), resultando de processos degenerativos (como Alzheimer) ou vasculares (AVCs repetidos);
- Curso e duração:
- Delírio: é flutuante (piora à noite) e reversível se a causa for tratada. Dura dias a semanas;
- Demência: tem progressão estável e irreversível, com declínio cognitivo contínuo (ainda que medicamentos possam desacelerá-la),
Os sintomas mais comuns são diferentes, por exemplo, no delírio temos: atenção severamente prejudicada, desorientação, alucinações visuais, agitação ou letargia, consciência reduzida.
Já na demência é comum: primeiramente a perda de memória (esquecer nomes, eventos, perder objetos), dificuldade em linguagem, tomada de decisões e reconhecimento de lugares, consciência preservada até fases avançadas.
Enquanto o delírio é uma crise aguda e tratável, a demência é uma doença crônica degenerativa. Ambos podem coexistir, mas a abordagem clínica difere radicalmente.
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Fontes:
Priscilla WackerI; Paula V. NunesI; Orestes V. ForlenzaII. Delirium and dementia in the elderly: are there common risk factors? Acesso em: https://www.scielo.br/j/rpc/a/WSy95fDsCYrCyHkc5VR7NFx/?lang=pt
MSD MANUAIS. **Delirium**. In: __Manual MSD: Versão para Profissionais de Saúde__. [S. l.]: MSD, s.d. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/delirium-e-dem%C3%AAncia/delirium
