Sim, especialistas consultados
pela Agência
Brasil,
garantem: é possível envelhecer com qualidade de vida.
Segundo o médico geriatra e diretor científico da Sociedade
Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) Renato Bandeira de Mello,
qualidade de vida é algo subjetivo: depende da percepção do indivíduo
sobre o que é felicidade.
Mas, em termos gerais, acrescenta o geriatra, qualidade de vida
na velhice está associada a vida ativa: a busca por hábitos saudáveis
como atividade física, alimentação saudável e a manter a mente estimulada com
novas atividades. Outro fator associado à qualidade de vida na terceira idade
são as relações sociais. “Isso significa contato com a família, amigos e
colegas de trabalhos”, resume Mello.
Família
O papel da família para a qualidade de vida do
idoso, além de relevante, está previsto em leis. “Mais do que um papel, os
familiares têm obrigação com os idosos. Isso, inclusive, é respaldado pelo
Estatuto do Idoso”, explica o diretor da SBGG.
Nesse sentido, o estatuto prevê que a família se
envolva nos cuidados e na proteção do idoso, “respeitando os seus limites e a
autonomia a fim de não o cercear de suas liberdades e desejos”, acrescenta
Mello.
Coordenadora-geral do Conselho Nacional dos
Direitos do Idoso, Eunice Silva destaca ser o ambiente familiar o que registra
a maioria das violações de direitos da pessoa idosa. Segundo ela, entre os
fatores que resultam em enfermidades, quedas, demência e internamentos
prolongados estão a violência doméstica, os maus tratos e o abandono.
“É obrigação da família, da comunidade, da
sociedade e do poder público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a
efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, educação, cultura,
esporte, lazer, trabalho, cidadania, liberdade e dignidade, ao respeito e às
convivências familiar e comunitária”, argumenta a coordenadora do conselho que
é vinculado ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH).
Sociedade
De acordo com o médico geriatra e diretor da SBGG,
no caso de idosos doentes que precisam de cuidado especial, além do apoio
familiar é necessário o apoio da sociedade, que precisa estar atenta também às
próprias mudanças que acontecem ao longo do tempo.
“Há que se pensar que, no futuro, os núcleos
familiares serão menores. Precisaremos encontrar meios para construir uma
sociedade que possa cuidar do idoso”, disse ao lembrar que a qualidade de vida
dos idosos depende, ainda, de infraestruturas e de relações que enxerguem esse
público não apenas como consumidor, mas como potencial colaborador.
“Bancos, lojas, mercados, transportes e outros
serviços e estabelecimentos precisam buscar formas de inclusão, não apenas como
consumidor, mas também como força de trabalho”, disse ele à Agência
Brasil.
Saúde
Entre as políticas públicas ofertadas pelo
Ministério da Saúde (MS) aos idosos está a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa,
que é oferecida gratuitamente a este público. Mais de 3 milhões de cadernetas
foram entregues a municípios em 2018.
De acordo com a pasta, essa caderneta passou por
algumas atualizações, que permitem melhor conhecer as necessidades de saúde
dessa população atendida na atenção primária, de forma a melhor identificar o
comprometimento da capacidade funcional, condições de saúde, hábitos de vida e
vulnerabilidades.
A caderneta apresenta, ainda, orientações relativas
alimentação saudável, atividade física, prevenção de quedas, sexualidade e
armazenamento de medicamentos.
Em outra frente de ações – neste caso voltada a
profissionais de saúde e gestores, ajudando-os na tarefa de melhorar a
qualidade de vida dos idosos – o MS disponibilizou o aplicativo Saúde da Pessoa
Idosa. Ele pode ser obtido gratuitamente por meio do Google Play.
Acidentes
De acordo com a SBGG, as principais causas de
mortes acidentais de idosos são atropelamento e quedas, o que, segundo seu
diretor, pode levar a consequências diretas, como lesões e fraturas, e
indiretas, como medo de cair e isolamento social, entre outros.
“A maior parte das quedas da própria altura ocorrem
em casa por falta de adaptação do ambiente, excesso de obstáculos, falta de
barras de apoio, presença de piso sem antiderrapante e que são perigos
contínuos na vida do idoso”, acrescenta o médico geriatra.
A fim de prevenir esse tipo de acidentes, que podem
resultar em fraturas, traumatismo craniano, contusão muscular e,
principalmente, o medo de cair novamente, o Ministério da Saúde listou uma
série de dicas aos idosos (veja abaixo).
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/